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sábado, 5 de julho de 2008

Quem vive de passado é museu? Bom, a F1 pensa assim...

O circuito de Silverstone, na Inglaterra, é mundialmente conhecido por ter sediado a primeira corrida da categoria de automobilismo mais bem sucedida de todos os tempos, a Fórmula 1. Através dos seus quase 60 de Fórmula 1 assistiu com carinho o nascimento de várias lendas dos carros de corrida: Fangio, Lauda, Fitipaldi, Mansel, Prost, Senna, Schumacher... A lista é infindável. Não há piloto importante nesses 58 anos que não tenha passado pelas curvas de lá.
No entanto, nada disso importa aos dirigentes do business que a F1 se tornou. Max Mosley, Bernie Ecclestone e seus comparsas já anunciaram que o contrato com o circuito não foi renovado. O GP da Inglaterra será disputado em Donnington Park, uma pista mais moderna e que ofereceu uma bolada de dinheiro maior.

Isso posto, e somando-se o crescente número de corridas bancadas pelos petrodólares do Oriente Médio ou pelo crescimento dos Tigres, acompanhamos a cada dia um processo onde as fundações da categoria são demolidas em nome de dinheiro. Temo, como aficcionado pela categoria a mais de 15 anos, que a casa caia. Afinal de contas, muito pouco ou nada da Fórmula 1 que conheci restou: apesar dos esforços e mudanças loucas de regulamento, qualquer ultrapassagem em fim de reta virou um acontecimento; há uma diferença tão grande entre as equipes que, em caso de termos cinco pilotos de ponta como hoje - estou contando aqui Raikkonen, Massa, Hamilton, Kovalainen (por pilotar pela McLaren) e Alonso, embora ainda possamos falar de outros, como Kubica - um deles (Alonso) simplesmente não tem carro para brigar por vitórias. Em pensar que já tivemos no mesmo grid, com chances de vencer, Senna, Prost, Piquet, Mansel... Bons tempos eram aqueles.

A Fórmula 1 abandonou seu passado. Cito aqui uma frase do genial George Orwell em "1984": "quem domina o passado, domina o presente. Quem domina o presente, domina o futuro".
Pensando assim, quanto tempo mais durará o reinado da categoria mais famosa do automobilismo? Façam suas aposta!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

A morte à beira do abismo (em Pequim)

Brasil: 5° colocado nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010. Sim, é a pior posição da história do Brasil... Depois de duas atuações pífias, a seleção somou um ponto em seis possíveis e caiu duas posições na tabela. Se não fosse pouco, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, impôs à Dunga a convocação de Ronaldinho Gaucho para as Olimpíadas de Pequim.
Curiosamente, a sabedoria popular tem várias sitações nesse sentido, mas uma me veio em mente: "os melhores remédios são amargos".
A cada dia mais tenho certeza de que apenas uma grande campanha nas Olimpíadas salva a cabeça de Dunga. Por grande campanha entenda ouro ou uma eliminação com a seleção muito bem, mas sendo claramente prejudicada pela arbitragem. A atitude de Teixeira é um claro aviso: quem manda aqui sou eu!
No entanto, apesar de engolí-lo a seco, Ronaldinho Gaucho pode ser a salvação de Dunga na seleção. Obviamente, um jogador do nível dele em forma pode desequilibrar qualquer jogo. Porém, mesmo que ele não exiba seu melhor futebol chamará a atenção dos adversários e da imprensa, por motivos bons ou ruins. De qualquer maneira, no mínimo representa um belo escudo para o já tão desgastado técnico da seleção.
Por falar em torcida, Dunga disse mais uma de suas sandices na entrevista coletiva pós-jogo, ainda no Mineirão. Segundo ele, uma torcida que vaia o time como os mineiros fizeram não tem o direito de cobrar bons resultados, pois os atletas não têm o mesmo estímulo para jogar. Mas espere um pouco? Jogadores que enchem a boca para se dizerem profissionais precisam de aplausos para fazer o seu "trabalho"? Estranho, muito estranho...
Dunga verá a morte à beira do abismo nessa participação nos Jogos. Cuidado, porque o Himalaia é logo ali...

domingo, 15 de junho de 2008

O pior Brasil de todos os tempos...

O Brasil entra em campo hoje contra o ótimo time do Paraguai, em Assunção, com o que é provavelmente o pior time de sua história. Não, não é exagero. A escalação, a menos que ocorra alguma mudança de última hora, terá Julio César, Maicon, Lúcio, Juan e Gilberto; Gilberto Silva, Josué, Mineiro e Diego; Robinho e Luis Fabiano.
Não é só um meio campo com três volantes: é um meio campo com três volantes envelhecidos e se limitam a marcar na maioria do tempo. Também não conte com a subida dos laterais. Maicon é um bom jogador, forte e esforçado. Gilberto, no entanto, a muito deixou de ser um jogador de seleção e permanece como titular apenas por nome.
O ataque também não assusta como já assustou. Luis Fabiano é o artilheiro do último campeonato espanhol e sem dúvida alguma é um jogador com muitas qualidades, mas sem ter quem o municie não fará milagres. E, embora Dunga insista nisso, Robinho não tem qualidade e personalidade suficientes para ser considerado o grande jogador da seleção; não é nem de longe um jogador do nível de Ronaldinho Gaúcho e Kaka, dos quais Dunga abriu mão após a Copa América em nome do seu grupo “guerreiro”. Mas futebol não é guerra e aquela seleção era sofrível. Dunga prefere se focar em um jogo a analisar sua trajetória como um todo e isso mais cedo ou mais tarde cobrará o seu preço. Espero que seja antes da Copa do Mundo.
As duas rodadas das eliminatórias que disputaremos agora (hoje contra o Paraguai e no meio de semana contra a Argentina, no Mineirão) podem representar o sinal amarelo para os tempos de Dunga na seleção. Muitos estão pessimistas ao ponto de cogitarem duas derrotas e, nesse caso, o Brasil poderia encerrar esses jogos em uma pífia sexta posição. Isso antes das Olimpíadas, que tem tudo para ser mais um fiasco, uma vez que a CBF não marcou nenhum amistoso de verdade para o time que disputará os jogos e Dunga não dá chances para jogadores com menos de 23 anos jogarem.
É por isso que não havia nem 20 pessoas esperando a seleção chegar ao hotel. Temos um time limitado, envelhecido e desconhecido. Ou seja: cada vez menos seleção, cada vez menos brasileira. Porém, cada vez mais Dunga.
Meu palpite para o jogo? Dá 2 a 1 Paraguai, gols de Nelson Valdez e do carrasco Cabanas.
***
Qual seria a sua seleção brasileira? Você concorda com o time de Dunga ou prefere um time com mais talento e juventude?
A minha jogaria num 3-5-2 e seria: Julio César, Lúcio, Juan e Thiago Silva; Maicon, Josué, Hernanes, Kaka e Marcelo; Luis Fabiano e Robinho (por hora).

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Que país é este?

Esse fim de semana foi marcado por três fatos triste e, infelizmente, todos se referem ao poder público traindo de maneira torpe e vil a sociedade. Na última sexta, a Alerj (a mesma casa que tentou legalizar as milícias recentemente) decidiu pela libertação do deputado estadual Álvaro Lins (PMDB), preso em flagrante no dia anterior e acusado de vários crimes. Também nesse fim de semana, o jornal “O Dia” revelou que uma equipe de reportagem do jornal havia sido capturada e brutalmente torturada por membros de uma milícia em uma favela de Realengo, Zona Oeste do Rio. O mais estarrecedor é que vários dos acusados por essa barbárie são policiais militares da ativa, ou seja, representantes do Estado.

Como não poderia deixar de ser, o futebol sempre reflete o melhor e – na maioria das vezes – o pior do Brasil. Talvez por isso tenhamos assistido às cenas lamentáveis que marcaram o jogo Náutico e Botafogo, no Estádio dos Aflitos. Não cabe aqui discutir o mérito da expulsão de André Luiz, pivô de toda confusão, embora eu tenha considerado justa. O que deve ser discutido com fervor é o que se sucedeu depois.

André, totalmente descontrolado, chutou uma garrafa d’água que aparentemente acertou um torcedor do Náutico. Não satisfeito, exibiu sua falta de educação e seus dedos médios para a mesma torcida, provocando a ira dos pernambucanos. Para completar o espetáculo horrendo, o zagueiro alvinegro se dirigiu ao banco de reservas, em vez de ir para o vestiário, como mandam as regras do jogo.

A partir daí o nefasto Estado brasileiro entrou em ação. Uma policial militar, certamente querendo aparecer em cadeia nacional, foi dar voz de prisão ao jogador por das atitudes mencionadas acima. Um grupo de dezenas de policiais do batalhão de choque se juntaram a ela, imobilizando o atleta como faria (caso tivessem coragem) como um criminoso de alta periculosidade. Os atletas do Botafogo, indignados com a cena, tentaram intervir e foram recebidos com agressões e gás de pimenta. O atleta por fim se libertou “na marra” e caminhou até o vestiário junto com um companheiro (Fábio).

Não bastasse isso, depois de descobrir que o vestiário estava misteriosamente trancado, André Luiz foi novamente imobilizado e conduzido até a delegacia passando pelo meio da geral onde estavam os torcedores do Náutico - isso mesmo, você entendeu certo, caro leitor. Não me ocorre nada diferente de linchamento público ao ver uma situação como essa.

Bebeto de Freitas, presidente do Botafogo, tentou acompanhar o jogador e também foi agredido e, já na delegacia, recebeu voz de prisão.

O resultado do jogo foi 3 a 0 para o time da casa, mas a polícia de Pernambuco foi a derrotada: perdeu sua dignidade e até mesmo sua legitimidade, uma vez que deveria garantir o espetáculo e não comprometê-lo. E não é a primeira vez que adversários do Náutico são recebidos assim no estado nordestino. Que o clube receba uma punição exemplar, assim como os policiais envolvidos no incidente e que André não seja usado como mártir e fique impune por suas atitudes também.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Videos e etc

Isso...

http://www.youtube.com/watch?v=_Gi98iEziKQ&feature=related

Te lembra...

http://www.youtube.com/watch?v=t5bVaTuxN-g

Isso?

P.S. - O jogador do Ideal invadiu a área. Se a penalidade não tivesse sido convertida o juiz poderia mandar repetir a cobrança? O que vocês acham?

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Valente Fluminense, valente Washington

Fluminense e São Paulo era considerado por muitos um confronto de convicções opostas de futebol: o futebol de ontem, o dos cariocas, contra o futebol de hoje dos paulistas. O futebol de ontem era aquele onde a técnica quase sempre vencia a força e os esquemas táticos tinham menos importância (e só três números: 4-4-2, 4-3-3, 4-2-4). O de hoje tem o mérito de fazer times limitados vencerem e, por vezes, convencerem graças ao conjunto e a um pragmatismo quase matemático.
O primeiro tempo mostrou clara prevalência do time da casa, com o seu envolvente 4-2-3-1 (quatro números...). Não só tinha mais a bola, como a controlava nos calcanhares da área são-paulina. Não só jogava no campo adversário como ameaçava. Numa dessas chegadas Washington, o Coração Valente, colocou pra dentro; a torcida do Fluminense, por sua vez, colocou pra fora o grito de gol. Estava tudo igual no confronto de tricolores.
Não seria exagero se o time da casa saísse da primeira etapa com mais um gol de vantagem, dada a sua superioridade flagrante. Restavam 45 minutos e os técnicos quebravam a cabeça com dúvidas cruéis. Muricy se perguntava como fazer para reverter o placar e conquistar a vaga no tempo normal, já Renato Gaúcho convivia com o dilema entre ir atrás do segundo gol ou valorizar o resultado que o manteria vivo para os pênaltis.
A principal substituição do intervalo: sai o futebol de ontem, entra o futebol de hoje.
E aí, amigo, o campo verdinho fica preto e branco como um tabuleiro de xadrez. Muricy, o melhor enxadrista (ou técnico) do Brasil, logo tratou de usar suas peças: pôs Aloísio no lugar de Dagoberto, que havia se limitado a ciscar sem rumo.
Renato, por sua vez, achou por bem atacar. O que Renato mais uma vez mostrou não compreender é que, no futebol de hoje, nem sempre é mais ofensivo quem tem mais jogadores de frente. Na melhor das intenções tirou o segundo volante Arouca para colocar o atacante Dodô.
Renato não esperava, mas a alteração acabou por só dar terreno e tornou o São Paulo mais perigoso. O Flu passou a perder o meio-campo e a dupla Adriano-Aloísio dava trabalho, e muito, para a defesa tricolor, que a essa altura tinha três defensores marcando os dois. Grande erro! É público e notório que ambos sabem como poucos proteger a bola, dividir, trombar... São atacantes de hoje. Muito espaço e apenas um marcador na sobra não são o suficiente.
E numa dessas jogadas com trombadas e boas tabelas o São Paulo empatou: Aloísio recebeu na ponta esquerda, passou de Gabriel como quis e cruzou para a área. Adriano, em posição duvidosa, subiu sozinho da Silva e testou para o gol de Fernando Henrique. Agora a vantagem tinha dono.
Mas o time do Fluminense também tinha dono, Conca, que corria como mais ninguém em campo, lutava, driblava e jogava. Por ele e pelo inoperante Thiago Neves (novamente ausente na hora da decisão). Conca tanto fez que foi recompensado já na saída de bola após o gol: tocou para Dodô dentro da área. O artilheiro dos gols bonitos aproveitou a única chance que teve no jogo e, mesmo com ângulo diminuto, tocou com a categoria dos craques entre as pernas de Ceni. O Fluminense ainda precisava de mais um gol.
Joilson, que entrara a pouco, fez duas faltas tão estúpidas quanto seu futebol. Dois amarelos, consequentemente um vermelho. O São Paulo com dez e o Fluminense com doze, os jogadores e a torcida que se inflamou e contagiou o time. Este, que não conseguia superar a boa zaga paulista com sua melhor técnica, passou a usar a vontade.
Renato pôs Maurício no lugar do horroroso Ygor e o garoto Alan no lugar de Gabriel. Muricy, antes da expulsão, havia posto Jorge Wagner em campo. As cartas estavam lançadas e a lógica indicava que, apesar da pressão terrível do Fluminense, nada mudaria. Mas a lógica não entra em campo no futebol. Nem no de ontem, nem no de hoje.
Mas o sobrenatural, sim, entra. E assina a súmula com nome e sobrenome: Sobrenatural de Almeida, diria Nelson Rodrigues.
Num escanteio cobrado aos 47 do segundo tempo a estrela de Washington brilhou. Testada fulminante entre três marcadores. Rogério Ceni batido. O Fluminense classificado.
O gigante desabou. De joelhos, as lágrimas vieram ainda na comemoração. Renato Gaúcho gesticulava "Acabou! Acabou!". O Maracanã era unânime: o Fluminense estava nas semifinais. E estava mesmo, apesar de Renato.
Dessa partida histórica fica a lição: nem sempre a vontade e o destino vão dar tão certo. Renato precisa aprender a jogar o xadrez do tapete verde. E rápido.

terça-feira, 4 de março de 2008

Pontapé Inicial

A muito venho me perguntando sobre o papel do esporte no mundo atual. Como deve ser classificada a notícia e a análise esportiva dentro do jornalismo? Qual é a importância do esporte no mundo e, mais especificamente, do futebol no Brasil? Entretenimento, cultura, informação essencial? Como você, leitor, pode perceber, há muito mais perguntas do que respostas sobre o assunto.

Do alto de minha pouca experiência, vivência e conhecimento, me arriscaria a contrariar a corrente que define o jornalismo esportivo – e o esporte, de uma maneira geral – como mero entretenimento. Talvez isso seja válido em outros países e em sociedades diversas. Mas é justamente o esporte, irmão um pouco mais sério do jogo e da brincadeira, um dos poucos assuntos levados realmente a sério pelo brasileiro comum. O futebol, esporte nacional, é mais que uma religião nas terras tupiniquins, uma parte indissociável da identidade nacional.

Há quem diga também que o “esporte” brasileiro é um verdadeiro samba de uma nota só: futebol, futebol e mais futebol. É bem verdade que o esporte bretão é o assunto mais regular em qualquer discussão. Enquanto questões políticas, econômicas, sociais e culturais nascem e morrem com relativa rapidez, o assunto futebol está sempre presente. E é tão massificado que vez ou outra temos a impressão de lermos a mesma notícia ou de estarmos ouvindo o mesmo comentário.

A despeito disso tudo afirmo que há, sim, vida esportiva além do futebol. Já tivemos inúmeras coqueluches que trouxeram à tona esportes “menores”, ou seja, menos populares: o automobilismo com Fittipaldi, Piquet e, sobretudo, Ayrton Senna; o vôlei com suas gerações de prata e outro, sem falar na espetacular “Era Bernardinho”; o tênis com Guga; o basquete com Oscar, Hortência e Paula. Enfim, nunca há só o futebol.

É tentando responder – e corresponder – intuitivamente a todas essas reflexões que criei este singelo sítio. Essas respostas já começam no título. “Cena Esportiva” não faz referência só ao futebol, embora seja inegável que ele dominará as discussões. Tentarei por em prática aquilo que não sei explicar na teoria. As notícias aqui publicadas não serão meros “palpites” ou “fofocas de vestiário”, como pode se pensar. Serão, isso sim, fontes de informação sobre o que vai acontecer e o que acontece de importante. As análises, por sua vez, tentarão não cair na vala comum do clubismo ou do achismo. Nesse momento torno público o desafio de analisar o jogo como uma ciência ou um outro tema de extrema exatidão. Farei de tudo para deixar de lado preferências e preconceitos, o necessário para oferecer um jornalismo esportivo independente e de qualidade.

Sei que me alonguei de mais, mas gosto de viajar um pouco de vez em quando. À você que navegou até aqui e leu esse texto fica o convite: aporte, abaixe as velas e jogue as âncoras. Esse espaço é dedicado a todos que anseiam por um tratamento efetivamente profissional no jornalismo esportivo, deixando de lado os torcedores de paletó e os ex-jogadores que entendem muito de prática e nada do jogo. Arrisco-me a dizer, até com alguma pretensão, que aqui é o seu lugar.

Abraços e até breve!