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sexta-feira, 19 de março de 2010

Sorteio da UCL coloca favoritos frente à frente

Depois dos resultados nas oitavas-de-final, não é exagero colocar Arsenal, Barcelona, Internazionale e Manchester United um degrau acima dos demais concorrentes (a saber: Bayern de Munique, Lyon, Bordeaux e CSKA Moscou). Aparentemente, seria difícil que o título escapasse de um desses quatro. Seria porque o sorteio foi cruel e reservou confrontos absolutamente imprevisíveis nas quartas:


30/3 e 7/4
Lyon x Bordeaux
Bayern de Munique x Manchester United

31/3 e 6/4
Arsenal x Barcelona
Internazionale x CSKA

Tirando o jogo entre Inter e CKSA, no qual o time de Mourinho vai a campo com o peso do favoritismo depois da vitória categórica sobre o todo-poderoso Chelsea, não há nenhuma barbada. A França pode comemorar, pois já tem um representante nas semi-finais devido ao confronto caseiro, algo improvável com outro chaveamento. Arsenal e Barcelona duelam para mostrar quem tem o futebol mais bonito e eficiente da Europa e prometem fazer jogos épicos na Catalunha e em Londres. O renascido Bayern pega um Manchester consciente de sua capacidade e, embora esteja um pouco abaixo do rival inglês, tem Robben em estado de graça e Ribery.

Pesando momento, qualidade técnica, desempenho em momentos decisivos e até algum palpite, meus classificados seriam Bordeaux, Bayern, Barcelona e Inter. Pela primeira vez nos últimos anos não teríamos dois representantes de um mesmo país entre os quatro melhores. Se isso se confirmar, vitória para Michel Platini.

Semana que vem teremos posts especiais esmiuçando cada confronto das quartas da Champions League. Não percam!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Os perigos do improvável sucesso milanista

Após a saída de Kaká e da escolha de um técnico novato como Leonardo, as previsões para a temporada 2009/2010 do rubro-negro eram terríveis. Havia quem considerasse um feito levar esse time à zona europeia e temesse um fracasso histórico na Champions League, especialmente depois que o sorteio da fase de grupos colocou os italianos frente a frente com os Galáticos madrilistas, comandados por Cristiano Ronaldo e, ironia do destino, Kaká.

Leonardo (e) encarou o desafio de comandar um Milan sem Kaká (d)

Depois de um começo claudicante, o time de Leonardo surpreendeu com um futebol bonito e competitivo, conseguindo resultados expressivos – o maior deles uma vitória frente ao Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu. Surpreendente também foi Ronaldinho Gaúcho, que recuperou o bom futebol e superou a desconfiança da imprensa italiana, tornando-se o principal articulador de jogadas da equipe. Já Alexandre Pato, apesar de sofrer com lesões, mostrou-se um jogador confiável e que cresce nos confrontos mais importantes. Outro pilar do time foi a dupla de zaga, para muitos a melhor do mundo, formada pelo veterano Alessandro Nesta e pelo jovem Thiago Silva.

Nem isso foi o suficiente para uma longeva jornada continental. A fácil classificação do Manchester United mostrou que o elenco rossonero não tem cancha para ser colocado entre os melhores do Velho Continente. A redução de investimentos deu à Leonardo muito mais problemas do que soluções: além da óbvia falta de peças de reposição para os principais nomes da equipe, ainda há uma absoluta carência em certas posições.

Ronaldinho: craque não evitou vexame em Old Trafford

As laterais são terra desolada, com os decadentes Zambrotta, Jankulovski e Oddo, além dos fraquíssimos Abate e Antonini. No gol, foram testados Abbiati, Dida e Storari, todos veteraníssimos, mas nenhum em condição de representar a segurança que a equipe precisa. No meio, Pirlo e Gattuso dão mostras que seu tempo está acabando, assim como Ambrosini. Flamini, de quem se esperava muito, ainda não rendeu tudo que sua passagem pelo Arsenal prometia. O ataque teoricamente é o setor que funciona melhor, com Ronaldinho e Pato em grande forma e Borriello em uma temporada, na pior das hipóteses, correta. Mas Huntelaar – contratado para ser o artilheiro de nível mundial que o time precisa – ainda não disse a que veio, limitando muito as opções ofensivas.

Pato: exemplo para futuras contrações

Com todos esses fatos e a campanha irregular no Calcio, uma classificação tranquila à próxima Uefa Champions League já se mostrava um resultado acima das expectativas, já que o time não brigaria mesmo pelo título – muito em função das duas derrotas para a rival Inter. Mas com os tropeços interistas a diferença foi gradativamente caindo e hoje é de apenas um ponto: o título que parecia impossível a cerca de um mês, agora é um objetivo realista. Até a classificação maiúscula da rival frente ao Chelsea veio a calhar, pois a fixação da Internazionale pelo título europeu possivelmente lhe fará priorizar a competição continental justamente na reta final do Italiano.


Mas o título, se realmente vier, pode ser mais uma casca de banana, como foi a conquista da UCL em 2007. Se naquela ocasião, uma geração que já dava sinais de esgotamento foi prolongada devido ao triunfo, não é de se descartar que o mesmo aconteça agora, quatro anos depois. O Milan, campeão ou não, precisa urgentemente em uma renovação radical em suas fileiras, mesmo que isso represente algumas temporadas sem resultados expressivos. Caso repita novamente o erro e não escute os apelos de seu técnico, que já pediu publicamente contratações, o Milan se arrisca a ter um time que não faz jus a sua tradição.