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sexta-feira, 20 de junho de 2008

A morte à beira do abismo (em Pequim)

Brasil: 5° colocado nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010. Sim, é a pior posição da história do Brasil... Depois de duas atuações pífias, a seleção somou um ponto em seis possíveis e caiu duas posições na tabela. Se não fosse pouco, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, impôs à Dunga a convocação de Ronaldinho Gaucho para as Olimpíadas de Pequim.
Curiosamente, a sabedoria popular tem várias sitações nesse sentido, mas uma me veio em mente: "os melhores remédios são amargos".
A cada dia mais tenho certeza de que apenas uma grande campanha nas Olimpíadas salva a cabeça de Dunga. Por grande campanha entenda ouro ou uma eliminação com a seleção muito bem, mas sendo claramente prejudicada pela arbitragem. A atitude de Teixeira é um claro aviso: quem manda aqui sou eu!
No entanto, apesar de engolí-lo a seco, Ronaldinho Gaucho pode ser a salvação de Dunga na seleção. Obviamente, um jogador do nível dele em forma pode desequilibrar qualquer jogo. Porém, mesmo que ele não exiba seu melhor futebol chamará a atenção dos adversários e da imprensa, por motivos bons ou ruins. De qualquer maneira, no mínimo representa um belo escudo para o já tão desgastado técnico da seleção.
Por falar em torcida, Dunga disse mais uma de suas sandices na entrevista coletiva pós-jogo, ainda no Mineirão. Segundo ele, uma torcida que vaia o time como os mineiros fizeram não tem o direito de cobrar bons resultados, pois os atletas não têm o mesmo estímulo para jogar. Mas espere um pouco? Jogadores que enchem a boca para se dizerem profissionais precisam de aplausos para fazer o seu "trabalho"? Estranho, muito estranho...
Dunga verá a morte à beira do abismo nessa participação nos Jogos. Cuidado, porque o Himalaia é logo ali...

domingo, 15 de junho de 2008

O pior Brasil de todos os tempos...

O Brasil entra em campo hoje contra o ótimo time do Paraguai, em Assunção, com o que é provavelmente o pior time de sua história. Não, não é exagero. A escalação, a menos que ocorra alguma mudança de última hora, terá Julio César, Maicon, Lúcio, Juan e Gilberto; Gilberto Silva, Josué, Mineiro e Diego; Robinho e Luis Fabiano.
Não é só um meio campo com três volantes: é um meio campo com três volantes envelhecidos e se limitam a marcar na maioria do tempo. Também não conte com a subida dos laterais. Maicon é um bom jogador, forte e esforçado. Gilberto, no entanto, a muito deixou de ser um jogador de seleção e permanece como titular apenas por nome.
O ataque também não assusta como já assustou. Luis Fabiano é o artilheiro do último campeonato espanhol e sem dúvida alguma é um jogador com muitas qualidades, mas sem ter quem o municie não fará milagres. E, embora Dunga insista nisso, Robinho não tem qualidade e personalidade suficientes para ser considerado o grande jogador da seleção; não é nem de longe um jogador do nível de Ronaldinho Gaúcho e Kaka, dos quais Dunga abriu mão após a Copa América em nome do seu grupo “guerreiro”. Mas futebol não é guerra e aquela seleção era sofrível. Dunga prefere se focar em um jogo a analisar sua trajetória como um todo e isso mais cedo ou mais tarde cobrará o seu preço. Espero que seja antes da Copa do Mundo.
As duas rodadas das eliminatórias que disputaremos agora (hoje contra o Paraguai e no meio de semana contra a Argentina, no Mineirão) podem representar o sinal amarelo para os tempos de Dunga na seleção. Muitos estão pessimistas ao ponto de cogitarem duas derrotas e, nesse caso, o Brasil poderia encerrar esses jogos em uma pífia sexta posição. Isso antes das Olimpíadas, que tem tudo para ser mais um fiasco, uma vez que a CBF não marcou nenhum amistoso de verdade para o time que disputará os jogos e Dunga não dá chances para jogadores com menos de 23 anos jogarem.
É por isso que não havia nem 20 pessoas esperando a seleção chegar ao hotel. Temos um time limitado, envelhecido e desconhecido. Ou seja: cada vez menos seleção, cada vez menos brasileira. Porém, cada vez mais Dunga.
Meu palpite para o jogo? Dá 2 a 1 Paraguai, gols de Nelson Valdez e do carrasco Cabanas.
***
Qual seria a sua seleção brasileira? Você concorda com o time de Dunga ou prefere um time com mais talento e juventude?
A minha jogaria num 3-5-2 e seria: Julio César, Lúcio, Juan e Thiago Silva; Maicon, Josué, Hernanes, Kaka e Marcelo; Luis Fabiano e Robinho (por hora).

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Que país é este?

Esse fim de semana foi marcado por três fatos triste e, infelizmente, todos se referem ao poder público traindo de maneira torpe e vil a sociedade. Na última sexta, a Alerj (a mesma casa que tentou legalizar as milícias recentemente) decidiu pela libertação do deputado estadual Álvaro Lins (PMDB), preso em flagrante no dia anterior e acusado de vários crimes. Também nesse fim de semana, o jornal “O Dia” revelou que uma equipe de reportagem do jornal havia sido capturada e brutalmente torturada por membros de uma milícia em uma favela de Realengo, Zona Oeste do Rio. O mais estarrecedor é que vários dos acusados por essa barbárie são policiais militares da ativa, ou seja, representantes do Estado.

Como não poderia deixar de ser, o futebol sempre reflete o melhor e – na maioria das vezes – o pior do Brasil. Talvez por isso tenhamos assistido às cenas lamentáveis que marcaram o jogo Náutico e Botafogo, no Estádio dos Aflitos. Não cabe aqui discutir o mérito da expulsão de André Luiz, pivô de toda confusão, embora eu tenha considerado justa. O que deve ser discutido com fervor é o que se sucedeu depois.

André, totalmente descontrolado, chutou uma garrafa d’água que aparentemente acertou um torcedor do Náutico. Não satisfeito, exibiu sua falta de educação e seus dedos médios para a mesma torcida, provocando a ira dos pernambucanos. Para completar o espetáculo horrendo, o zagueiro alvinegro se dirigiu ao banco de reservas, em vez de ir para o vestiário, como mandam as regras do jogo.

A partir daí o nefasto Estado brasileiro entrou em ação. Uma policial militar, certamente querendo aparecer em cadeia nacional, foi dar voz de prisão ao jogador por das atitudes mencionadas acima. Um grupo de dezenas de policiais do batalhão de choque se juntaram a ela, imobilizando o atleta como faria (caso tivessem coragem) como um criminoso de alta periculosidade. Os atletas do Botafogo, indignados com a cena, tentaram intervir e foram recebidos com agressões e gás de pimenta. O atleta por fim se libertou “na marra” e caminhou até o vestiário junto com um companheiro (Fábio).

Não bastasse isso, depois de descobrir que o vestiário estava misteriosamente trancado, André Luiz foi novamente imobilizado e conduzido até a delegacia passando pelo meio da geral onde estavam os torcedores do Náutico - isso mesmo, você entendeu certo, caro leitor. Não me ocorre nada diferente de linchamento público ao ver uma situação como essa.

Bebeto de Freitas, presidente do Botafogo, tentou acompanhar o jogador e também foi agredido e, já na delegacia, recebeu voz de prisão.

O resultado do jogo foi 3 a 0 para o time da casa, mas a polícia de Pernambuco foi a derrotada: perdeu sua dignidade e até mesmo sua legitimidade, uma vez que deveria garantir o espetáculo e não comprometê-lo. E não é a primeira vez que adversários do Náutico são recebidos assim no estado nordestino. Que o clube receba uma punição exemplar, assim como os policiais envolvidos no incidente e que André não seja usado como mártir e fique impune por suas atitudes também.