Pages

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Que país é este?

Esse fim de semana foi marcado por três fatos triste e, infelizmente, todos se referem ao poder público traindo de maneira torpe e vil a sociedade. Na última sexta, a Alerj (a mesma casa que tentou legalizar as milícias recentemente) decidiu pela libertação do deputado estadual Álvaro Lins (PMDB), preso em flagrante no dia anterior e acusado de vários crimes. Também nesse fim de semana, o jornal “O Dia” revelou que uma equipe de reportagem do jornal havia sido capturada e brutalmente torturada por membros de uma milícia em uma favela de Realengo, Zona Oeste do Rio. O mais estarrecedor é que vários dos acusados por essa barbárie são policiais militares da ativa, ou seja, representantes do Estado.

Como não poderia deixar de ser, o futebol sempre reflete o melhor e – na maioria das vezes – o pior do Brasil. Talvez por isso tenhamos assistido às cenas lamentáveis que marcaram o jogo Náutico e Botafogo, no Estádio dos Aflitos. Não cabe aqui discutir o mérito da expulsão de André Luiz, pivô de toda confusão, embora eu tenha considerado justa. O que deve ser discutido com fervor é o que se sucedeu depois.

André, totalmente descontrolado, chutou uma garrafa d’água que aparentemente acertou um torcedor do Náutico. Não satisfeito, exibiu sua falta de educação e seus dedos médios para a mesma torcida, provocando a ira dos pernambucanos. Para completar o espetáculo horrendo, o zagueiro alvinegro se dirigiu ao banco de reservas, em vez de ir para o vestiário, como mandam as regras do jogo.

A partir daí o nefasto Estado brasileiro entrou em ação. Uma policial militar, certamente querendo aparecer em cadeia nacional, foi dar voz de prisão ao jogador por das atitudes mencionadas acima. Um grupo de dezenas de policiais do batalhão de choque se juntaram a ela, imobilizando o atleta como faria (caso tivessem coragem) como um criminoso de alta periculosidade. Os atletas do Botafogo, indignados com a cena, tentaram intervir e foram recebidos com agressões e gás de pimenta. O atleta por fim se libertou “na marra” e caminhou até o vestiário junto com um companheiro (Fábio).

Não bastasse isso, depois de descobrir que o vestiário estava misteriosamente trancado, André Luiz foi novamente imobilizado e conduzido até a delegacia passando pelo meio da geral onde estavam os torcedores do Náutico - isso mesmo, você entendeu certo, caro leitor. Não me ocorre nada diferente de linchamento público ao ver uma situação como essa.

Bebeto de Freitas, presidente do Botafogo, tentou acompanhar o jogador e também foi agredido e, já na delegacia, recebeu voz de prisão.

O resultado do jogo foi 3 a 0 para o time da casa, mas a polícia de Pernambuco foi a derrotada: perdeu sua dignidade e até mesmo sua legitimidade, uma vez que deveria garantir o espetáculo e não comprometê-lo. E não é a primeira vez que adversários do Náutico são recebidos assim no estado nordestino. Que o clube receba uma punição exemplar, assim como os policiais envolvidos no incidente e que André não seja usado como mártir e fique impune por suas atitudes também.

Um comentário:

Tamyres Matos disse...

Assunto impossível de deixar de lado mesmo, concordo que a atitude dos policiais foi lamentável... Mas o que foi o André Luis naquele jogo? E imaginemos também, o que será que ele falou para aquela policial, não que isso justifique a atitude, mas acabou sendo desacato à autoridade, desvairada, mas ainda uma autoridade.